quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Rolezinho. O que é? Onde vive? Do que se alimenta?

Desde que começou esse negócio de rolezinho, vejo várias manifestações de pessoas descendo a lenha de longe, apoiando, uns de perto, uns de longe e uns de beeeem longe e outros ponderando.

Venho conversando com amigos e colegas sobre o assunto, gente a favor do rolezinho, gente contra, gente a favor dos shoppings, gente contra, gente envolvida, gente que não sabe nem do que se trata, mas dá opinião, enfim, tudo que é tipo de gente. Com isso concluí que a melhor forma de escrever sobre o assunto é no velho padrão Glóbulo Repórter. 

Rolezinho. O que é?
É um evento criado por jovens da periferia organizado via Facebook que visa reunir grandes quantidades deles em shopping centers cantando letras de funk ostentação. Dizem por aí que é a molecada da periferia invadindo o centro do consumo da classe média e alta, locais os quais ela não têm acesso e gostaria de frequentar.

Quem defende?
Os participantes, sem nem saber dizer o porquê. 
Os esquerdidas, dizendo que o pobre também tem direitos iguais aos de todos.  
Alguns da mídia elitista e alguns jornalistas playboys, que vivem bem longe da periferia, e vêem aí a chance de mostrar que também são do povo, usando frequentemente os termos "pacífica", "sem violência" e "sem roubos" geralmente acompanhados da palavra "maioria", como já visto na cobertura dos protestos no ano passado, tudo isso a partir do conforto que a mesa do café do seu shopping preferido proporciona bem longe dos pontos de encontro. 
O prefeito Haddad, que não quer perder votos da baixa renda (tá, ele não defendeu, mas está bem cuidadoso com o caso).
E, pra fechar, muita gente apartidária que compartilha textos de antropólogos.

Quem critica?
Direitistas, outros radicais e derivados, enfim, todos os que dizem que deveria descer a porrada em todo mundo, que arrastão mudou de nome e coisas do tipo.
Apartidários que consideram a manifestação fora de contexto.

Quem pondera?
Pessoas que acompanham as notícias e opiniões sem ainda ter formado uma sobre (eu até ontem incluso).

Quem o alimenta?
Ao defendê-lo, muitas pessoas (principalmente a mídia elitista querendo ser boazinha) acabam passando a mão na cabeça desses jovens com e consequentemente da cultura da ostentação que, ao contrário do que muitos pensam, não é influenciada por um estilo de funk, e sim exatamente o contrário. 

Os adolescentes de hoje, principalmente os da periferia, fazem parte de uma geração extremamente consumista, talvez pela melhora significativa na taxa de desemprego e na economia do país, talvez por serem presenteados pelos pais que têm de trabalhar e compensam suas ausências com matéria, talvez pela combinação das duas coisas e de várias outras que resultou numa geração que visa apenas ter itens e marcas para usar e mostrar a todos, e o funk ostentação fala sobre esse mundo.

O que eu penso sobre?
Primeiro, não é  a molecada da periferia invadindo o centro do consumo da classe média e alta. O rolezinho aconteceu em dois shoppings, o Itaquera e o Guarulhos, este após uma tentativa frustrada no shopping Aricanduva. Os três são locais frequentados em sua maioria pela classe média-baixa, que esses mesmos jovens frequentam em grupos menores ou com os pais. Nada de JK Iguatemi, que recebeu só ameaça de rolezinho, ou outro local mais classe A-gargalhada, logo, a afirmação de impacto não procede.

Segundo, houve furtos sim. Participantes postaram no Facebook tênis que furtaram nos encontros e amigos, que não participaram, comentaram com frases de apoio. Os críticos dizem que rolaram também assaltos, mas isso eu não posso confirmar.

Minha conclusão:
As reuniões não são benéficas em nenhum sentido e são sim fora de contexto, pois qualquer grupo em que a quantidade de pessoas beira ou passa de quatro dígitos num local fechado que não tem estrutura para tanto é sim perigoso e as pessoas que estão passeando por lá, independente de classe social, se sentirão sim ameaçadas, muito mais do que pela galera (branca e de classe média) que ia jogar RPG em grupos de dois dígitos nesses mesmos locais e também era expulsa no final dos anos 1990, começo dos 2000.

A forma com que os shoppings, e principalmente a polícia, está lidando com isso chega a ser ridícula de exagerada e, se a coisa for levada à frente por ambos os lados, pode ficar feia a ponto de se tornar totalmente cabível (guardadas as devidas proporções, claro) a comparação com o apartheid que tem rolado por aí, pois uma coisa é expulsar galerinha de classe média jogadora de RPG, outra é lidar com uma questão social em que até quem defende acaba sendo racista.

O que pode ser feito é aumentar a segurança, fazer um acompanhamento próximo aos grupos e, diante de confusão, furto ou qualquer outro delito, retirar os autores do estabelecimento, levar pra famosa salinha ou algo do tipo. Sei que isso pode causar bagunça com os demais se doendo pelos detidos, mas se o movimento é realmente pacífico, é a hora de se provar. A partir de então, uma vez que não há resistência, a graça acaba.

Update
O movimento é oco no que diz respeito a ideologia. Está sendo mais um motivo para direita e esquerda defecarem opiniões do que qualquer outra coisa, assim como tem rolado com tudo, das manifestações às ações do Haddad.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Profissão: herdeiro

Se você não está por dentro de como funciona o sistema de direitos autorais, é o seguinte: existem duas leis base, a inglesa, que considera a data de lançamento da obra, e a francesa, que leva em conta a morte do autor. A legislação brasileira se inspira na francesa: o direito permanece ao autor por toda a sua vida e mais setenta anos nas mãos de seus herdeiros.

Aí você pensa "pô, nada mais justo do que o artista deixar um legado aos seus filhos!". Sim, como todas as leis no Brasil, o princípio é nobre (acho), mas pena que quem usufrui delas são brasileiros.

Vamos começar com um simples exemplo: se Fulano funda uma pequena empresa, com todo o seu empenho e talento, essa empresa se torna bem lucrativa e Fulano vem a falecer, Fulano Jr. tem que, no mínimo, ter alguma competência pra tirar proveito dos feitos do pai. Se quiser ganhar grana a valer, terá que ralar tanto ou mais que o falecido Fulano, senão leva o negócio à falência. Mas se o sr. Fulano criou algumas obras (quadros, livros, poemas, músicas, ilustrações, rabiscos ou qualquer coisa considerada arte), Júnior só precisará de uma coisa pra encher a retaguarda de dinheiro: ser um oportunista de merda.

Se o falecido pai cobrava x reais pela reprodução de sua obra, o filho cobra x vezes 3, vezes 5, vezes 10. A viúva cobra x vezes 5, vezes 10, vezes 20. A amante, que nem tem os direitos legais, cobra x vezes 10, vezes 20, vezes 30.

É um direito do herdeiro pedir quanto quiser? Sim, claro! Mas existe uma coisa chamada mercado, e o mercado pratica um preço (cobrado por agências e, olha só, autores), mas o herdeiro sempre vai superfaturar a coisa. Ele teve algum mérito? Nenhum, só deu sorte de ser filho ou ter casado com um artista bem sucedido.

São esses herdeiros que impedem a produção de filmes baseados em livros de autores falecidos, que não deixam bandas seguirem usando o mesmo nome e tocando as músicas que elas fizeram com pai que já não está mais entre nós, que impedem também o acesso de crianças às obras de seus pais em livros didáticos cobrando valores estratosféricos pela reprodução das mesmas, entre outros absurdos.

Claro que há herdeiros que cobram preços ok, assim como aqueles que têm suas próprias vidas e competências, sem viver na sombra de seus pais famosos e que muitas vezes até incentiva o uso das obras, assim como há artistas que supervalorizam seu trabalho tornando-o inacessível pelo mesmo motivo citado no parágrafo acima, mas generalizando só um pouco, é isso.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ringo (not so) Starr toca em São Paulo

Depois de ter perdido a oportunidade de ver o beatle vivo que me restava na primeira vez que ele veio ao Brasil, em 2011, decidi não deixar pra uma terceira e comprei o ingresso num preço bem bacana com alguns meses de antecedência, e o show foi tão estranho que acabou virando post aqui no Redigindo.

Vale ressaltar que, de quando deixei de ir no show de dois anos atrás até ontem, não quis saber nada sobre o espetáculo, que músicas rolavam, se o setlist era composto por apenas músicas dele, se rolava tudo que ele cantou nos Beatles ou alguma música aleatória da banda, enfim, queria que tudo fosse inédito e totalmente livre de spoilers.

Com pontualidade não muito britânica, Ringo Starr e sua All Star Band entraram no palco e logo na quarta música já se entende o porquê da banda cheia de astros da música. Composta atualmente por músicos do Santana, Toto, Mr. Mister e David Lee Roth, Ringo foi para a bateria, apresentou Todd Rundgren, guitarrista que já tocou com meio mundo, e a banda tocou uma música do cara, que apresentou outro músico e tocaram uma música da carreira do apresentado, e assim por diante, excluindo músicas do David Lee Roth.

Apesar de Ringo praticamente dublar a bateria (Greg Bissonette que levava tudo o tempo todo e com a bateria de Ringo a menos da metade do volume que a de Greg), achei bacana, o cara estava mostrando que sua banda fazia jus ao nome, mas das 24 músicas apresentadas na noite, 13 não eram de Ringo ou dos Beatles, então o que no começo foi legal acabou sendo uma grande enrolação e, o pior, mas pior de tudo mesmo, não tocaram Octopus's Garden, uma das músicas mais bacanas e emblemáticas que ele cantava nos Beatles e uma das somente duas que ele escreveu enquanto estava na banda.

Não bastasse a enrolação, Ringo desce bons dois tons pra cantar algumas de suas músicas da época dos Beatles, o que acaba por descaracterizá-las mais ainda, já que a banda as toca com arranjos bem diferentes dos originais.

Pra fechar com chave de cocô, Ringo acabou o show e não voltou para um bis, que foi pedido pelo público. Sobre isso, só tenho uma coisa a dizer: em todos esses anos nessa indústria vital, essa é a primeira vez que isso me acontece.

Não que o show tenha sido ruim, mas os desavisados e musicalmente deslocados foram lá esperando ouvir "Twist and Shout", os mais ligados esperavam, no mínimo, todas as músicas da fase Beatles e algumas de sua carreira solo. Salsí-fufú pra todos, meu nego!

Fatos do show:
- Ringo é miúdo. Quando entrou no palco foi até difícil achá-lo
- Ringo não dança no ritmo
- O som poderia estar mais alto
- O Credicard Hall é péssimo, desde a localização até a sinalização geral
- Saí do show com uma música do Toto na cabeça
- Em sua própria banda, Ringo não é nem The Drummer 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Nova York por um paulistano

Estive em Nova York na primeira quinzena de setembro turistando nível extreme com minha respectiva e tive tantas impressões da cidade que daria pra montar um blog só sobre ela, mas vou tentar resumir tudo num post de tamanho médio.

Pra ficar organizado, vou fazer tópicos.

Embarque/chegada
O funcionário da companhia aérea te faz zilhões de perguntas, quem, quando e onde foram feitas suas malas, onde elas ficaram, se contém certas coisas e blablablá. Tirando isso o embarque foi sussa, tal como o desembarque. O sistema da imigração estava lento bagarai, então a funcionária ficou puxando conversa no melhor estilo free talker, passamos sem qualquer questionamento, todo mundo super educado e atencioso.
Fomos para o ap que alugamos de metrô, que merece um tópico próprio.

Metrô
Feio, sujo, com linhas zoneadas, mas com ar-condicionado... nos trens, porque nas estações é um calor e abafamento só! A maioria não tem sequer escadas rolantes, imagina elevador, então calcule o nosso trampo em ter que subir e descer algumas boas escadas com as malas da viagem. Enfim, é ruim, mas é bom, pois vai pra tudo que é canto. O melhor de tudo é que funciona bem, pois nunca o vimos lotado (no máximo cheio) e tem várias soluções pra que isso não aconteça, tanto fixas quanto momentâneas.

Trânsito
Caótico. Sempre com congestionamento, mesmo com a grande maioria das pessoas utilizando o metrô. Os semáforos são meio loucos, pois quando abrem para os pedestres, abrem também para os carros fazerem conversões, então vira uma certa zona, pois os motoristas devem esperar as pessoas atravessarem, então travam o trânsito atrás deles, o que gera várias buzinadas.

Comida
Você encontra de tudo pra comer lá, de junkie food (claro), a comida francesa. No geral não é caro, gasta-se em média 10 dólares numa refeição ok, seja comida ou lanche.

Clima
Quando estivemos lá estava ok, de 18 a 29 graus, mas você não sua feito um porco (a não ser nas estações de metrô) e sua roupa fica sem cheiro ao final do dia, bem diferente de São Paulo, que quando se chega em casa dá vontade de jogá-la no lixo.

O povo
O nova-iorquino não é o estadosunidense padrão. É magro, come razoavelmente bem e faz exercícios. No geral as pessoas são extremamente educadas, algumas vezes, enquanto olhávamos mapas, nos perguntavam se precisávamos de ajuda. O engraçado é que eles não podem ver água acumulada em lugar nenhum que jogam moedas.

Coisas pra fazer
O lugar tem uma caralhada de lugares pra visitar, de pontos turísticos padrão, como edifícios, monumentos e parques, a museus, atrações especiais e atividades. Pra entrar, a maioria é paga, mas os museus públicos funcionam no sistema de pay as you wish, que se você quiser pagar um centavo, eles aceitam, para o resto a média é de 20 a 25 dólares, seja pra subir no Empire State ou pra fazer um tour num estúdio de TV.

Compras
Existem os shoppings de outlets, que ficam fora da cidade, mas que valem muito a pena. Em Manhattan tem coisas bem baratas (brinquedos em geral, eletrônicos, instrumentos musicais, roupas em liquidação e outras promoções), coisas que têm o mesmo preço do Brasil (games, calçados, roupas de marcas esportivas, comida) e coisas mais caras (tênis All Star e outras coisas de marcas que são fabricadas também no Brasil).

Embarque/volta
Despachar as malas foi meio confuso, cada funcionário que falamos deu uma informação, mas foi tranquilo, sem nenhuma das perguntas que tivemos que responder em Cumbica. Todos os funcionários da áera de embarque eram mal humorados e mal educados. Passar no detetor de metais (que era um raio-x de corpo inteiro) foi um cu! Quase mandei a mulher à merda.

No geral, Nova York cheira a pretzel ou carne de sanduíche, tem som de buzina e britadeira, é suja em certos lugares e limpíssima em outros, não tem quintais (os arranha-céus começam nas calçadas) e tem gente de tudo quanto é etnia.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Porquê Ben Affleck não pode ser Batman

A notícia que parou o mundo nerd/cinematográfico/quadrinesco, cuja reação foram milhões de narizes tortos, independente do nível de conhecimento de quem a ouviu sobre os temas supracitados foi essa: Ben Affleck será o novo Batman.

As reações internet afora sobre a escolha já indica que foi uma infelicidade do estúdio por diversas razões, afinal o rapaz conseguiu ser odiado pelos fãs do Demolidor, e olha que quem gosta de Demolidor gosta de qualquer coisa!

Aliás, o fato de ele já ter interpretado um herói no cinema faz muita gente olhar atravessado. Certas coisas são complicadas de se misturar, pois papel no qual o personagem já é consagrado marca o artista. Seria o mesmo que colocar o Daniel Craig pra fazer, sei lá, o Capitão América, a expectativa seria de que a qualquer momento ele soltaria um: "meu nome é Bond, James Bond" e jogaria o escudo com o tema do 007 tocando ao fundo.

É meio que consenso que o Ben Affleck tem cara de bobo (até a meia-cara do Demolidor ficou de bobo), como que ele teria pegada pra fazer um personagem que, mesmo fantasiado de morcego, impõe respeito até ao Super-Homem, em tese o ser mais forte e tchananã do planeta?

Ben Affleck é uma pessoa muito bem relacionada, isso todos sabemos, mas um cara que fez basicamente filmes de comédia e que sua melhor atuação foi interpretando ele mesmo numa zueira no programa do Jimmy Kimmel, tem tudo pra dar errado como Batman, e já vimos esse cenário antes com um tal de Michael Keaton, né? 

Duas esperanças para ser um bom Batman: ter o Matt Damon como Robin, que já viraria galhofada e todo mundo encararia como comédia (o Super-Homem que se lasque), ou ser um Batman bundão que vai tomar um couro do Super, pois seria um Batman que ninguém gostaria de qualquer jeito e não seria legal queimar um ator fodão com isso.

Espero que ele queime minha língua com sua atuação, mas acho bem difícil.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Clipes legais de músicas chatas

Existem várias músicas chatas que acabamos achando legaizinhas por acompanharem um clipe bacana. Nessa mesma pegada, tem bandas e músicas que valem a pena ver os clipes sem nem prestar atenção no que sai das caixas de som, e aí vai uma lista contendo os dois casos.

"Life In Technicolor ii" - Coldplay

"The Hardest Part" - Coldplay

Qualquer uma do OK Go

"My Humps" - Black Eyed Peas (tá, esse é só pela Fergie, que nunca mais apareceu bonita na vida!)

"Rock DJ" - Robbie Williams

"Open Your Eyes" - Snow Patrol

"Push the Tempo" - Fatboy Slim

"Hey Ya!"- OutKast (que o clipe não existiria se não fosse o da "Coming Up", do Wings)

"Mandrake E Os Cubanos" - Skank (que a música não existiria se não fosse a Coming Up, do Wings)

"Stan"- Eminem (coloquei a versão curta, afinal, a música é chata ;-)

"Olhos Certos" - Detonautas (desconsidere a parte deles no estúdio)

"Segredos" - Frejat

Tem sugestões? Deixa aí nos comentários que provavelmente logo mais sai outra dessas!

Esse post teve a colaboração de Shinkoheo!

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A coisa está ficando preocupante...

Tá certo, o aumento das tarifas do transporte público foi a já famosa gota que faltava para "o povo acordar" ou "o gigante despertar", escolha o termo que mais te agrada.

Vendo e participando da coisa toda, notei que dá pra classificar os episódios em três atos:
- Até o dia 13
- Entre os dias 14 e 17
- Depois do dia 17

- Até o dia 13
O MPL era um movimento conhecido por poucos, motivo de piada por alguns e nada para a maioria. Organizaram manifestações exigindo o retorno da tarifa para 3 reais. Pessoas se juntaram à causa, que foi crescendo. A mídia seguia classificando as manifestações como arruaceiras, frequentada por marginais, comunicando a violenta atuação da polícia militar como correta, pois estava somente atirando balas de borracha e bombas em vândalos. Mas no dia 13 a mídia apanhou.

- Entre os dias 14 e 17
A atuação da PM foi tão errada, mas tão errada, que mobilizou população e mídia contra ela. Choveram críticas ao estado. A população um pouco mais antenadinha foi às ruas, a polícia, não. A passeada do dia 17 foi pacífica e enoooorme, e a mídia fez questão de dizer que era apartidária. No geral até era, pois a grande maioria presente não representava nenhum partido ou tinha ideologia política declarada, era simplesmente povo. 

- Depois do dia 17
Dia 18 teve outra manifestação organizada pelo MPL, muita gente que foi no dia 17 deixou de ir nessa por diversos motivos, mas muita gente que não foi no dia 17 e viu pela TV aquela coisa bonita, tudo na mais santa paz, sem polícia, sem baderna (salvo em frente ao Palácio dos Bandeirantes, que já era um grupo pequeno e que pouco foi mostrado) resolveu fazer parte daquilo e o ato do dia 18 era a oportunidade. Gente que estava mais preocupada em escolher a roupa que ia do que em saber algo sobre o MPL ou em qualquer outra coisa que o fizesse ter um motivo plausível para estar ali.

Foram os alienados políticos, e foram os baderneiros (a turminha que caça briga em balada) se juntar à turma dos dias anteriores. Alguns dizem que tinha gente implantada, disfarçada, contratada pela direita e coisas do tipo. Pode ser, mas também há muita teoria da conspiração nessas acusações.

A mídia fez questão de dizer o tempo todo que era uma manifestação pacífica, apartidária, que quem depredava era uma minoria que a grande massa era contra. Um jeito de manipular a massa, mas isso é assunto pra outro texto.

A tarifa foi revogada no dia 19, então a manifestação que já estava marcada para o dia 20 virou "comemoração" (um erro na minha opinião), ou seja, só festa! O clima na avenida Paulista era de quermesse, tinha sanduíche de pernil, sambão, paquera e, se bobear, até vinho quente, mas teve também briga. "Apartidários" expulsando militantes de partidos da esquerda, gente exigindo a cassação do inFeliciano, a renúncia do Renan, o impeachment da Dilma, a redução da tarifa para 2,80, o fim da corrupção, a saída da FIFA, gente contra a PEC 37 ("o que? Isso vai aumentar a roubalheira!? Ah, sou contra!"), enfim, festinha sem motivo, e a galera da ornganização do MPL deixou o local cedinho-cedinho, provavelmente pensando "essa turma não nos representa".

Resultado: há várias mini-manifestações em São Paulo agendadas e algumas rolando nesse momento. Manifestações organizadas por pessoas que não conhecem nem as leis da gramática, quem dirá as leis do país.
Boatos: fascismo, golpe de estado, skinheads e neonazistas pela cidade.
Fato: Filhos da puta aproveitam as manifestações para saquear carros e lojas. 
Resumindo: o clima tá temso e o povo acha que tá serto.